SIM AOS AFOGADOS - Prefácio de Mariana Ianelli* Fala-se em vão de justiça, enquanto o maior dos navios de guerra não se despedaçar contra a fronte de um afogado - Paul Celan Aqui não atravessamos o poema: somos por ele varados. Ficamos abertos, fendidos para o encontro, vítimas vivas / do tempo, no fogo ondulante entre o ainda-não e o não-mais. Somos passagem, sopro que anima o poema e dá vôo à grande Fênix que ele foi, é e será. Chegamos a esta clareira da presença, a este Ainda-e-Sempre de que falava Paul Celan, poeta de luz submersa em sombra, de quem Marcelo Ariel conhece a flor. Suavemente penetrei num jardim / onde a única árvore existe, canta Ariel. Aqui estamos, onde o sonho se cristaliza, aqui nos encontramos, onde a orquídea do silêncio se arregaça, juntos colhemos da palavra o seu bastante: tudo o que lhe falta dizer. Ariel, na sua intuição selvagem escreveu uma vez que gostaria de pintar apenas as nuvens, o mar e as folhas que caem no chão.