O Oriente Médio, tal como o conhecemos, é uma criação recentíssima. Resultou de decisões tomadas pelos países vitoriosos na Primeira Guerra Mundial, especialmente Inglaterra e França, que desagregaram o Império Otomano (1299-1922), a única potência muçulmana que desafiou a hegemonia européia no mundo moderno. Novos países, com os respectivos governos, foram fabricados pela Europa. A Inglaterra inventou o Iraque e a Jordânia, traçou em um mapa as fronteiras entre a Arábia Saudita e o Kwait, transformou o Egito em protetorado e deu abrigo, na Palestina, a um Lar Nacional Judaico, precursor do Estado de Israel. A França decidiu a atual configuração da Síria e do Líbano. A maior parte do mundo árabe foi dividida, basicamente, entre duas famílias, que deveriam inaugurar dinastias. A Turquia - centro do antigo império - conquistou com muito sangue o direito à existência, mas os curdos foram deixados sem Estado próprio. A Pérsia, atual Irã, foi humilhada e retalhada. Há muito tempo os europeus desejavam dominar o Oriente Médio. A ousadia imperial na região, porém, começou tarde demais. As mudanças, trazidas de fora para dentro, não geraram uma configuração estável. Na região, permanecem pulsantes não apenas disputas de fronteiras ou rivalidades econômicas, mas questões muito mais fundamentais, como o próprio direito à existência das entidades políticas que a compõem. O professor David Fromkin, reconstitui neste livro a história da criação do Oriente Médio moderno, depois de mais de 25 anos de estudos.