crítica ao livro “catarse”, de evan do carmo o livro catarse, do veterano poeta paraibano evan do carmo, é uma obra indispensável na biblioteca de todo leitor amante da poesia. a sua qualidade já se prenuncia no excelente prefácio de autoria do talentoso poeta e psicólogo alufa-licuta oxoronga, que sacia a sua fome poética degustando as receitas sofisticadas e exóticas do “chef” evan, como análoga e metaforicamente sentiu os belos versos do autor. assim como a sombra do viajante de nietzsche, autor que evan tanto admira, a sua alma é poeta e filósofa, esparramando os seus ecléticos e sensíveis poemas nas páginas receptivas de catarse e nos embevecendo com a profundidade de cada um deles. observa-se em sua obra a dicotomia entre a esperança e a desesperança, que fica bem patente no belo “soneto do amor improvável”, de influência claramente viniciana, em “desespero e desesperança” e em “morreu a esperança”, dentre outros versos. existe um latente pessimismo niilista do autor no que concerne à nossa sociedade conseguir chegar, ou voltar, ao padrão de ética e decência política e social ideal, preocupação que é de todos nós. em contrapartida, exalta em muitos versos a vida e a necessidade de superarmos o “status quo” da humanidade, insistindo na espiritualidade do homem, na eternidade do amor e da poesia. entretanto, o autor não se prende a um só tema. expande o seu talento em outras motivações, viajando, com muita competência, desde à metafísica da religiosidade e espiritualidade, até a dos gestos lascivos da temporalidade materialista do fraco ser humano, surpreendendo-nos a cada página virada. deslumbrado, talvez, um dia ? tal qual vinicius de moraes quando descobriu a liberdade de fazer versos brancos com a mesma qualidade e beleza dos seus versos clássicos, fugindo, assim, das limitações impostas pela métrica e pela rima ? produziu um polêmico poema que não consta deste livro, mas que causou, na época, reações injuriadas de muitos outros poetas que