Vol. 1 - Mulheres no caminho da prata Vol. 2 - Padre Guilherme Pompeu de Almeida Ao longo de dois volumes e em ritmo de romance, Jorge Caldeira desenha uma biografia em meio a uma extraordinária história da formação de São Paulo. Nessa saga brasileira, que tem como cenário o sertão da América e como protagonista o padre Guilherme Pompeu de Almeida, não faltam elementos novos para concorrer com a trama. A prata, a cobiça, os arranjos matrimoniais entre espanhóis e guaranis, portugueses e tupis, a mistura definitiva de povos tão diferentes, as disputas entre a colônia e a metrópole, a intervenção dos jesuítas e a noção, avant la lettre, de liberdade individual, tudo isso forma o pano de fundo que permite contar essa história que começa no Paraguai, floresce em uma montanha de prata no reino do Peru e, ao se espraiar, evolui rumo ao Atlântico e à vila de São Paulo. Nesse ambiente, o filho de um rico industrial de ferro, que almejava um posto na Companhia de Jesus, apaixona-se por uma índia, com quem tem uma filha, e, em vez de jesuíta, torna-se padre secular e negociante de sucesso. Depois de anos fornecendo ferro a seus parentes indianizados, passa a emprestar dinheiro aos descobridores do ouro e se transforma em grande banqueiro. Ao redor de seu palácio, seu altar peruano, sua riqueza e seu fausto, fez-se o mito do sertão. Tomando como ponto de partida a descoberta de metais preciosos na América e a decorrente possibilidade de ascensão social na Europa - em contraste com a rigidez das castas na vida medieval -, Caldeira tece uma narrativa de muitas vozes e variados vieses. Aos testemunhos de viajantes unem-se análises de cunho antropológico, novos tratamentos dos dados de economia e negócio e a apresentação do pensamento político e filosófico da época. O acesso do autor a uma imensidão de fontes primárias foi possibilitado pela pesquisa de grande envergadura: por um ano, sua equipe de historiadores desbravou os arquivos de São Paulo, Rio de Janeiro, Ouro Preto, Belo Horizonte, Salvador, Lisboa, Sucre, Buenos Aires, Madri e Sevilha. A documentação recolhida foi reunida em uma base informatizada de dados que ofereceu ao escritor total controle do material e permitiu que a consulta se desse na medida exata das necessidades intrínsecas ao narrar. Para completar o trabalho, a acurada pesquisa da iconografia da época e o talento da designer Laura Daviña criaram uma iluminura diferente para cada página, tornando o livro uma joia para os olhos. O Banqueiro do Sertão foi indicado para o prêmio Jabuti de Melhor Biografia e Melhor Projeto Gráfico, e para o prêmio Portugal Telecom de Literatura em Língua Portuguesa.