Prólogo, antelóquio ou prefácio é o escrito que apresenta a obra aos leitores. Venha praxe de cortesia, serve de síntese do escrito e permite justificações, confissão de erros e falhas. Quando este discurso preliminar é redigido por outrém que não o autor, redunda, no mais das vezes, esta vetusta tradição em elogio que o público lê numa atitude de suspicácia. As linhas que introduzem esta obra constituem sobretudo uma confessa justificação, porquanto de insuficiências, erros e falhas o leitor deles dará conta. Durante cerca de três anos o subscritor destas linhas, por razões profissionais, contactou quotidianamente e de forma estreita com o sistema prisional português. Esta aproximação permitiu ouvir todos os intervenientes, ver as circunstâncias concretas do dia a dia carceral, conhecer algumas dificuldades estruturais e conjunturais do sistema, lidar de perto com as carências e especificidades do quotidiano prisional e, amiúde, constatar a ausência de reflexão fundamentada sobre os múltiplos aspectos desta instituição total.