Louis Le Vau e François Mansart foram os arquitectos que se destacaram em França na compreensão de uma nova urbanidade, tomando as construções comuns dos endinheirados burgueses parisienses como referência para uma nova estética. Residências particulares colocaram-se a par dos palácios reais e das instalações religiosas, disputando com eles a atenção dos olhares dos cidadãos nos lugares da maior significação urbana. Alterou-se a relação do público com a arquitectura, por força do alargamento da consciência colectiva sobre o valor da vida pública. O sonho dos humanistas de quinhentos passou a ter expressão nas grandes metrópoles como a parisiense, mudando a escala dos interesses mas mantendo a ideia de que a qualidade das relações quotidianas passava pela criação da beleza na cidade moderna e ordenada. Destaque-se uma dinâmica muito própria nas sequências espaciais, na articulação ordenada dos volumes e na justa percepção da importância do processo urbano para a caracterização das formas arquitectónicas, que se inscrevem entre os principais ingredientes que constituíram o movimento barroco. A este propósito e reflectindo sobre a evolução da arquitectura nesta época, constata-se que facilmente os sonhos se tocaram na vontade do absoluto e do infinito.