Durante os períodos da colonização europeia, descolonização e reorganização das sociedades africanas, ao longo dos séculos XIX-XX, diversos intelectuais nascidos na África apropriaram- -se de um vasto conjunto de referenciais teóricos, conceituais e metodológicos, empregando-os para expressar a posição de seus coetâneos em relação ao mundo. Paralelamente aos saberes orais, tradicionais, e à experiência vivida que orientavam as formas de organização sociocultural dos povos anteriores ao período de predomínio europeu, ganhou corpo um novo tipo de saberes, eruditos, fundados em pressupostos acadêmicos, científi cos, que deu sustentação ao que se tem denominado de pensamento africano moderno. Constituído por autores com perfil intelectual, social e político variado, e orientado por pautas e questões por vezes complementares e por vezes divergentes, tal pensamento é atravessado pela reivindicação de uma interpretação endógena das questões atinentes ao seu continente. Entre os temas recorrentes encontram-se a negritude e o pan-africanismo, o nacionalismo, a revolução e o socialismo africano, as identidades étnico-raciais, a dependência e o desenvolvimento. Este livro é uma modesta contribuição para a introdução aos debates desenvolvidos por intelectuais consagrados na luta pela autodeterminação dos povos africanos, no combate ao etnocentrismo e ao racismo, na proposição de alternativas para a construção da justiça social e da democracia em seus respectivos países. Dele participam jovens pesquisadores africanos e brasileiros, docentes e pesquisadores universitários interessados pelos dilemas e desafi os que se apresentaram aos intérpretes sociais, culturais e políticos do continente no decurso de sua inserção no sistema internacional contemporâneo [...]