O jornal, enquanto criação textual, participa da produção e atribuição de sentidos culturais, e não pode ser analisado somente como meio de circulação e de aferição dos efeitos culturais produzidos na sociedade. É na articulação desses significados que a escritura jornalística surge como uma linguagem particular. Essa linguagem, como tal, é criação de sentido; difere da linguagem literária, não se opondo a ela nas bases que as articulam e formam. Seguindo um esquema explicativo do percurso deste livro, podemos dizer que ele trata da questão da informação no seu cotejo com a literatura. Tanto literatura quanto jornalismo se fundem na raiz técnico-cultural das escritas que antecederam o nascimento do jornal. Evidentemente que todo texto escrito é da ordem da comunicação; o que difere essas escrituras híbridas, informativas e literárias é a natureza da narrativa, o aspecto intencional de divulgação do acontecimento e o tipo de técnica do relato de natureza a confirmar o sentido comunicacional pretendido. O desenvolvimento deste livro exigiu um olhar multifário sobre os objetos comunicacionais, que respondesse à questão da dicotomia entre a prática jornalística e os estudos teóricos sobre ela. Dentro desta perspectiva fica claro que os conhecimentos desenvolvidos pelas ciências humanas sobre a sociedade são eles mesmos fenômenos comunicativos, existem pelo ato de comunicar; ao fazê-lo geram novas relações, interferindo tanto nos meios como na sociedade.