Em Lençóis Frenéticos, segundo livro de Fernanda Eda Paz, a poesia se apresenta despida das diplomacias iniciais, próprias de estreias. Explico-me. No livro inaugural, o primeiro poema publicado solicita, de quem escreve, algum aceno à tradição, alguma notícia de ciência sobre as muitas poéticas que vieram antes daquele gesto criativo, como faz, por exemplo, Adélia Prado em sua Bagagem de estreia (1976). E, de certa forma, Saudades de estranho, lançado em 2017, nos apresenta uma escrita atenta ao passado, na mesma medida em que elabora o presente com epígrafe de Hilda Hilst, desenvolvendo poemas como Tem uma cidade dentro de mim e Os burgueses do Leblon, suas imagens e movimentos de linguagem demonstram que muitas vozes poéticas estão ali, lado a lado, caminhando juntas. Agora, não. Se no livro de estreia há uma cidade que não morre / uma cidade que não nasce. / Tem uma cidade dentro mim / que preciso parir, aqui, despida da macropolítica do cotidiano e mergulhada na (...)