Dentro de uma casa com janelas que dão para a rua, uma família divide sopas em silêncio. O patriarca, Augusto, é um homem medíocre e de poucas palavras. O filho, Betinho um menino que não sabe chorar é o próprio silêncio encarnado. Nesse microcosmos alheio ao mundo, a mãe, Rita, é quem rompe o invólucro que separa a realidade do sonho. Por não ter mais o que dizer, a mulher começa a latir. Em Mar de telhas, os três personagens convivem como estranhos dentro da própria pele, cada um com seus respectivos mistérios, regendo uma narrativa singular sobre loucura e pertencimento. No livro, as cidades não têm nome e o tempo é inexato, mas o reconhecimento arde aos olhos. Não é preciso ir longe para entender que a galeria de personagens que atravessa o mar de telhas representa um simulacro de sociedade em que a crueldade, os abusos e o desprezo pelo outro configuram a normalidade. Perder a razão, aqui, é pura e simplesmente uma forma de se libertar. As histórias de Augusto, Betinho (...)