De um encontro afortunado, os organizadores desta coletânea reuniram pesquisas que comunicam a complexidade das infâncias instigando-nos a investir nos saberes das próprias crianças, não para reafirmar as incapacidades que a elas foram atribuídas, mas para destacar um conjunto de peculiaridades positivas que diferem as crianças dos adultos. Autoras e autores engajam-se num caminho não linear, com bifurcações que desnaturalizam, problematizam, informam, traduzem e refletem criticamente que a negação ou aceitação das "vozes" infantis depende exclusivamente das concepções de criança e de infância assumidas em um dado contexto histórico-cultural. Concepções que são recentes e nos exigem construir metodologias não convencionais, desafiando-nos a refletir como percebemos as experiências das crianças, os modos como elas participam dos contextos educativos e como estão sendo chamadas para participarem das pesquisas na contemporaneidade. A inédita publicação, lançada em 2002, junto a esta editora: Por uma cultura da infância: metodologias de pesquisas com crianças, também organizada por Patrícia Prado, em conjunto com Ana Lúcia Goulart de Faria (que prefacia esta obra) e Zeila de Brito Demartini (que abre esta coletânea), além de um sucesso editorial, já em sua 3ª edição, confirma o interesse crescente pelo tema, aqui atualizado e internacionalmente debatido, desafiando conhecer o protagonismo de meninos e meninas e suas condições infantis, para além de uma natureza infantil, por meio da observação, percepção, penetração, participação e interação com elas na configuração coletiva das condições de existência.