O amor em suas primeiras definições é completude e falta (conforme Platão, no Banquete). Noções que Freud desvela para além do imaginário, seguindo as pistas do sexual que marca presença; para além do eu, mais precisamente, como aquilo que o coloca fora de centro e exige forças que possam contê-lo ou mesmo adoecê-lo, tamanha sua voracidade em insistir ser reconhecido. A completude exigida pelo eixo pulsional (ou sexual conforme Freud) não permite definir um objeto - que, como um dos quatro termos que compõe a pulsão, fonte, objetivo e pressão, é o mais variável -, seguindo os ensinamentos do pai da psicanálise, o que importa é a satisfação. Numa dimensão oposta, o objeto é caro ao amor: é o outro. No enamoramento, este é capaz de empobrecer o eu. No imaginário humano o objeto é idealizado e traz consigo a morte do eu, tal qual é descrito no mito de Narciso, de forma a existir apenas o outro. No fluxo desta balança libidinal eu-outro, o quantum afetivo flui de um polo a outro, numa vertente dual. Conceito de amor em psicanálise se inicia trazendo as definições dos objetos da pulsão e do amor e como estes se distinguem. O objeto da pulsão é sempre um objeto parcial, o outro do amor é um todo, uma imagem que unifica e fascina, da mesma forma que ocorre com a instauração do eu narcísico.