Atento ao caráter redutor de uma leitura estritamente psicanalítica da obra literária, este ensaio nunca perde de vista a especificidade da escrita de Clarice Lispector em seu trabalho com a palavra. Investigando as impregnações do tema na própria estrutura formal do texto, Yudith Rosenbaum trabalha na contramão da crítica que destaca exclusivamente os instantes epifânicos de Clarice, ao desvendar o lado obscuro presente em sua obra ficcional cobrindo, assim, um espaço vazio na crítica clariciana, como destaca Vilma Arêas no prefácio. A autora se detém sobre a economia narrativa de diversas contos e romances de Clarice para demonstrar como os momentos de sombra representam neles justamente os pontos de inflexão e as molas propulsoras do enredo.