Sebastião Nunes é o inventor de uma mitologia do avesso. Com espírito anárquico, iconoclasta, o escritor mineiro criou a Grande Enciclopédia da Insensatez Humana, usando todos os recursos visuais e semânticos disponíveis a sua imaginação tresloucada. Como se não bastasse, fez uma cruel gozação de si mesmo, anunciando seu próprio falecimento, em edição apócrifa do caderno Mais!, da Folha de S. Paulo, utilizando o mesmo formato, papel e tipologia do prestigioso órgão de imprensa (traquinagem que quase lhe custou um processo judicial). Acabou por aí? Não, mal começou! Sebastião Nunes enviou pelo correio nada menos que cem pequenos caixões-de-defunto a seus amigos, cúmplices e comparsas, contendo no interior uma pequena obra-prima: o seu Decálogo, em que realizou uma rigorosa análise social, psicanalítica e mediúnica da classe média brasileira, inaugurando conceitos basilares do pensamento hodierno, como inclame (indivíduo de classe média), ninclame (ninfeta de classe média) [...]