Impressões do pântano, o título, resume bem a poesia desse livro. Com o sentido triplicado, a palavra pântano no singular não se refere a um lugar, mas a três. O primeiro é o Pântano do Sul, nome não tão belo da bela praia em que vive o autor no sul da Ilha de Santa Catarina. O segundo pântano é aquele de norte a sul, e de leste a oeste, o mundo contemporâneo. O terceiro é o que haveria na alma, se alma houvesse (segundo o poema Uma víscera). O que se exemplifica aqui é o uso potente da polissemia. E o que caracteriza a poesia de Impressões do pântano é o uso intensivo das capacidades estéticas da linguagem poética moderna, aplicadas a fortes impressões do mundo atual. Se, como disse Valéry, a poesia é uma oscilação entre o som e o sentido, a poesia dessa obra é uma ampliação, uma reverberação, das possibilidades das palavras em meio aos seus sons e seus sentidos, ou falta de sentido. São 90 poemas que, apesar de individualmente inteiros e autônomos, se encadeiam durante a [...]