Quem já não passou na vida por situações que pareciam ficção? Qual de nós nunca teve vontade de escrever um conto, uma crônica e até um livro devido à alguma situação que passou? Pensando nisso, a revista Marie Claire (Brasil), há 17 anos, abre espaço para as leitoras contarem as aventuras e desventuras da vida de uma pessoa comum, mas que poderia ser personagem de qualquer livro.Tem cangaceira sobrevivente do bando de Lampião, cigana que rompe com às tradições de seu povo, gente que se curou de alguma doença, história de amor, de sorte, de saúde, de dor, ou seja, literalmente o melhor do Eu, Leitora, que acaba de ser lançado pela Editora Globo. O livro reúne 28 depoimentos, contados em primeira pessoa. "Edificantes ou ternos, irreverentes ou tristes, cada um dos relatos de Eu, Leitora é escolhido por sua capacidade de surpreender e de mostrar um universo sem limites, o universo feminino", diz Mônica Serino, diretora de revista na apresentação do livro. Pioneira na imprensa feminina brasileira, ao abrir espaço para as leitoras contarem um episódio de sua vida, a sessão Eu, Leitora está presente desde o lançamento da revista no Brasil, em 1991, tornando-se marca registrada de Marie Claire em 24 países. A organização, da jornalista Rosane Queiroz (editora de comportamento da revista), divide-se em: Romance, Drama, Aventura, Sexo, Superação e Tempos Modernos, formando um patchwork do comportamento feminino nesses anos de Marie Claire no Brasil. Os bastidores não ficaram de fora, conta a autora: "Uma vez, por exemplo, comentei com o autor de novelas Manoel Carlos sobre a existência de um acervo de cartas na redação da revista que seria valioso para um cronista como ele.- E Manoel Carlos respondeu: "O problema é que essas histórias que vocês publicam são tão malucas, que se eu colocasse numa novela, ninguém acreditaria." Da mulher que foi amante do seu vizinho por 30 anos à nadadora que conquistou sua primeira medalha de ouro aos 60, O melhor do Eu, Leitora nos faz acreditar que, na vida real, tudo é possível.