Comecei a registrar as minhas ideias em qualquer lugar aonde elas chegavam: folhas soltas, tablet, no meio de um livro, fundo do caderno, mensagens para mim mesma no e-mail e no celular, até na porta da geladeira já escrevi sobre um pensamento... Mesmo soltos, aparentemente sem sentido, eles são o tema preferido, a angústia de uma vida, um segredo, um incômodo, a voz indisciplinada, aflita, que apressada dita, assim, sem nem perguntar, se posso escrever naquele momento. E eu, que não sou obediente, obedeço, pois tenho medo que eles não voltem quando eu precisar... Se eu pudesse, esses pensamentos não morreriam, mesmo diante das possíveis mortes aos quais eu (in)voluntariamente os submeterei... Por isso escrevo, conto, canto, que é para eles pegarem em algum lugar e assim, de canto em canto, de gente em gente, seguirem realizando a sua vocação de dizer.