O grande autor de clássicos da ficção, teatro e poesia brasileiras Ariano Suassuna vem produzindo, há quase seis décadas, ensaios relevantes acerca de diversos temas - arte, religião, filosofia e até mesmo política. Almanaque Armorial, com seleção e organização de Carlos Newton Júnior, é a primeira compilação desses textos, que formam um amplo painel do pensamento de Suassuna, expondo de forma única sua maneira de interpretar o mundo. Este é, nas palavras do próprio autor, o "grande logogrifo brasileiro da arte, do real e da beleza, contendo idéias, enigmas, lembranças, informações, comentários e a narração de casos acontecidos ou inventados, escritos em prosa e verso e reunidos, num Livro Negro do Cotidiano, pelo bacharel em filosofia e licenciado em artes Ariano Suassuna." "O que nós temos aqui, portanto, essencialmente, é a visão de um grande artista, de um grande criador, sobre a criação artística em geral e algumas obras em particular, obras que lhe proporcionam o choque estético sem o qual não conseguiria se reportar a elas com a ardência necessária para a geração de um texto", afirma Carlos Newton. "Se o ensaio pode ser entendido como um tipo de texto em que a escritura rivaliza com a análise, Suassuna escreve ensaios da melhor qualidade, criando imagens que a todo instante corroboram para ressaltar a lucidez das suas interpretações, procurando ser fiel, ao mesmo tempo, ao conhecimento e à beleza, como ocorre, aliás, com todo escritor de almanaques que se preza." "Armorial" é o nome do movimento criado por Ariano, que defende uma arte erudita que, baseada na cultura popular, é tão nacional quanto a arte popular em si, elevando-se à importância desta e conseguindo manter, com ela, uma unidade fundamental para combater o processo de vulgarização de descaracterização da cultura brasileira. Almanaque Armorial, tem, portanto, a função de manter vivo este ideal.