A moral comporta um interesse, mas também uma motivação. O elemento emocional presente na conduta humana nos permite compreender o significado de uma decisão e a finalidade de um ato. Esta evidência atesta ainda que nossos juízos morais são capazes de conservar uma significação emotiva. A compreensão das emoções como fenômeno inerente à condição humana e, sobretudo, como parte integrante da nossa natureza primitiva, revela a importância que elas assumem em nossas ações, condutas e interações sociais. Durante muito tempo o fenômeno emotivo foi associado à mera irracionalidade ou a um simples evento corporal. O fundamento dessa concepção baseava-se na tradicional dicotomia emoção-razão. Atualmente, essa clivagem não somente tem sido superada, como é possível afirmar que as emoções se revelam fundamentais às deliberações racionais. Elas não apenas têm o poder de orientar nossa racionalidade, como também se mostram capazes de determinar o conteúdo e o alcance no nosso comportamento moral. Disso se infere que as nossas vivências sensitivas não somente instituem valores, como se mostram aptas a gerar atitudes de caráter normativo. A filosofia, portanto, não deve fugir ao desafio de investigar a relação entre tais sensações e a moralidade dos indivíduos. Nesse sentido, ela precisa encontrar respostas para questões do tipo: quais as influências que as emoções exercem sobre a conduta do indivíduo? Existem emoções tipicamente morais que podem ser associadas a comportamentos dessa natureza? O que distingue uma emoção moral dos demais estados emotivos? Enfim, o que as emoções podem nos dizer acerca da moral e que relação a moralidade pode estabelecer com o nosso complexo mundo afetivo? Esta obra pretende responder a tais questões, a fim de demonstrar o que as emoções podem nos revelar a propósito da moral.