Em consequência da batalha de Queroneia de 338 a. C., entre os invasores Macedônios e as tropas aliadas de Atenas e Tebas, gerou-se uma onda de pânico em Atenas, dado o receio de que o exército vencedor de Filipe II da Macedônia ocupasse a cidade, o que, de resto, não veio a acontecer. Mas Leócrates, um negociante ateniense, não esperou para ver, e apressou-se a fugir da cidade com todos os seus bens, de modo a prosseguir os seus negócios noutras paragens. Em 330, porém, convencido de que poderia fazê-lo sem perigo, decidiu regressar a Atenas, mas o político e orador Licurgo acusou-o de traição à pátria e pediu em tribunal para ele a pena de morte. A sua Oração contra Leócrates, além de ser uma brilhante peça oratória, é um documento histórico de primeira importância, uma refl exão aprofundada sobre os deveres dos cidadãos, de todos os cidadãos, numa democracia participativa como era a ateniense, e um apelo à responsabilidade ética, social e histórica.