Neste final de século, fala-se muito em crise de identidade do sujeito. Mas o que significa realmente esta crise? É o que Stuart Hall tenta nos responder em Identidade cultural na pós-modernidade. Aqui, o autor passeia pelas sociedades, desde o iluminismo até os dias atuais, ilustrando as três concepções de identidade que vigoraram até hoje: o sujeito do iluminismo, o sociológico e o pós-moderno. O sujeito do iluminismo estava baseado num indivíduo totalmente centrado, dotado da razão, cujo centro consistia num núcleo interior, que aparecia quando o sujeito nascia e permanecia basicamente o mesmo ao longo de sua existência. O segundo sujeito: o sociológico, refletia a complexidade do mundo moderno e a consciência de que este núcleo interior do indivíduo não era autônomo, e sim formado na relação com outras pessoas: a identidade da pessoa é formada na interação entre o eu e a sociedade. Por fim, chegamos ao sujeito pós-moderno, agora composto não de uma única, mas de várias identidades, muitas vezes contraditórias ou não resolvidas. Uma mudança estrutural está fragmentando as diversas identidades culturais - de classe, gênero, sexualidade, etnia, e nacionalidade - as quais se antes, eram sólidas localizações, onde o sujeito moderno se encaixava socialmente, hoje se encontram com fronteiras menos definidas, provocando no sujeito pós-moderno uma crise de identidade. Um exemplo concreto desta teoria, que Stuart Hall expõe no livro, é o caso do presidente Bush que, em 1991, indicou um juiz negro de visões políticas conservadoras para a Suprema Corte dos EUA. Assim, o presidente, jogando o jogo das identidades, conquistava o apoio tanto da raça negra quanto dos conservadores.