Minha cidade perdi no tempo e ganho em sonho. O verso truncado de Carlos Drummond de Andrade é o fio que percorre este romance de Moacyr de Góes. Numa viagem ao fundo da memória, ele perpassa a história de quatro gerações e constrói uma ficção permeada de sonhos. Entre o Rio e o Mar inspira-se numa paisagem regional, mas logo transpõe esse limite para alcançar a universalidade das paixões humanas, através de personagens que se lançam sem reservas na busca do amor e na luta pela revolução social. Moacyr de Góes faz nascer sua história num cenário de elites nordestinas que falham no exercício do poder, abrindo com isto espaço para os excluídos e seus aliados. Um romance pleno de episódios onde desponta a coragem típica dos que investem contra a injustiça, mas onde não falta o humor bonachão da melhor tradição nordestina. O resgate de várias décadas de história apresenta a saga de revolucionários que viveram suas utopias, amaram e lutaram. Venceram, perderam, morreram muitos, mas seus sonhos permaneceram. Essa é a matérias Entre o Rio e o Mar, que gira em torno da cidade de Natal, mas fala de valores universais. Nessa ficção romanesca, não raro nos deparamos com personagens reais e muito conhecidos, que fizeram história, mas, quem sabe?, talvez ainda caminhem por aí. Além de contos, lendas e histórias populares, Moacyr introduz seu romance uma névoa de realismo fantástico. Brinca com o "sebastianismo" e insinua que, com a transição do novo milênio, velhos mistérios virão à tona.