As primeiras metáforas Houve um ser, anterior a estes e ao abismo. Chovia. O ser apontou o céu e disse «olha como as nuvens choram». Foi o primeiro. As palavras eram ainda leves e, naturalmente, era também possível dizer coisas belas e imprevistas como um relâmpago. "O resgate da linguagem e, no limite, da poesia fica evidente na resposta dada pelo poeta à pergunta que ele próprio formula no poema Fôlego Híbrido, ao se indagar quanto vale a visão de um futuro ou toda a duração/ de um poema, se já pouco resta da inocência,/ e se nada preserva o fôlego híbrido dessas crianças/ que correm e gritam pelas cidades queimadas/ antes de extinguirem, e a resposta é: um valor simbólico. Um valor simbólico, reconhecemos, é uma potente definição da poesia. Se há linguagem, por mais escassa e gasta que se apresente, ainda há símbolos; e, se há símbolos, há literatura a possibilidade do gesto literário não apenas como uma reação, mas também uma afirmação, algo(...)