Se os livros fossem como a caverna mágica de Ali Babá, exigindo palavras-chave de acesso, a senha para abrir as portas de Pega ele, Silêncio seria violência e busca. Violência social, típica de uma sociedade competitiva e carente de valores, implacável com os fracos, mas também a velha e embriagadora violência do bicho-homem, que parece mais embriagadora do que nunca em momentos de tensão, individual ou coletiva, como o final da década de 1960, quando se desenrolam os três contos do livro de Ignácio de Loyola Brandão.Era a época da repressão política, das passeatas, da reação estudantil, da brutalidade da polícia. Em casa, as pessoas viam na tevê um programa muito popular de boxe, nas boates o consumo de bolinhas dava um salto histórico e, como pano de fundo da sociedade, predominava o medo.Neste ambiente vivem e lutam (no sentido real e figurado) os personagens de Ignácio de Loyola: um jovem lutador de boxe, oriundo da periferia, vivendo um dia de intensa angústia antes de uma luta decisiva para o seu destino; a insatisfação de uma atriz ninfomaníaca, onde se descerram também os bastidores do teatro brasileiro; um grupo de pessoas obrigadas a encarar a violência do regime, acuadas pelo medo, em busca de alguma coisa indefinida, mais sugerida do que dita no livro: a oportunidade de ascensão social do boxeur, o prazer permanente ansiado pela atriz, dias de paz e justiça social, desejados pelo grupo de perseguidos. A tensão predomina nos três contos, e sob essa pressão permanente as personagens deixam emergir a sua face autêntica, o seu egoísmo, as suas frustrações e prevenções, aguçadas pela visão cruel e cética do autor que, definitivamente, não acredita na humanidade.Pega ele, Silêncio ganhou o Prêmio Especial no primeiro concurso de Contos do estado do Paraná em 1968, e desde então é um dos livros de Ignácio de Loyola preferidos pelo público.Época da repressão política, final da década de 1960. Nesse ambiente vivem os personagens dos três contos do livro: um lutador de boxe, uma atriz ninfomaníaca, um grupo de pessoas acuadas pelo medo. Uma obra marcada pela violência social, típica de uma sociedade em crise, e também a velha e sempre presente violência do bicho-homem.Época da repressão política, final da década de 1960. Nesse ambiente vivem os personagens dos três contos do livro: um lutador de boxe, uma atriz ninfomaníaca, um grupo de pessoas acuadas pelo medo. Uma obra marcada pela violência social, típica de uma sociedade em crise, e também a velha e sempre presente violência do bicho-homem.