O Mundo Moderno e a Questão Judaica, o novo livro de Edgar Morin, um dos mais influentes pensadores da atualidade, é um ensaio no qual são expostas as contradições que cercam as noções de judaísmo na modernidade, tendo como pano de fundo os conflitos surgidos a partir de 1948, quando a Palestina foi dividida em um estado árabe e outro judeu, dando origem a conflitos até hoje não resolvidos. Acordos diplomáticos, reuniões internacionais, ações da ONU não são suficientes para aplacar o ódio generalizado que se espalha por toda a área conflagrada, ceifando vidas, gerando um sentimento de insegurança que provoca ressonâncias em todo o planeta. "A condição judaica na história moderna exige ser tratada em toda sua complexidade, o que equivale a dizer em toda sua dificuldade", escreve o autor. "Dediquei-me a essa tarefa tanto para conceber os tempos modernos, dos quais não se pode abstrair o fermento judaico, quanto para conceber a questão judaica, da qual não se pode abstrair a questão dos tempos modernos. Meu objetivo primordial é compreender e fazer compreender. Apesar disso, sei que nem sempre esse objetivo é alcançado; portanto, não posso empreender essa tarefa sem algum temor e apreensão. A noção de judeu era clara quando indicava simultaneamente uma identidade de nação, de povo e de religião. A partir do momento em que judeus participaram da cultura e da cidadania dos gentios, a disjunção entre judeu e gentio mascarou a junção efetuada entre estes dois termos, que se tornaram complementares, mas que podiam permanecer antagônicos, segundo os desenvolvimentos do moderno anti-semitismo (racial) que sucede ao velho antijudaísmo (religioso)." Dividido em três partes, O Mundo Moderno e a Questão Judaica traça uma moldura histórica do judaísmo e do cristianismo, ressaltando a contribuição dos judeo-gentios na globalização econômica e cultural. Além disso, analisa os efeitos da diáspora anteriores a 1933 e demonstra que sentimentos anti-semitas permanecem mais atuantes do que nunca. O Estado israelense, afirma Morin, possui uma marca dominadora e colonizadora. Edgard de Assis Carvalho, especialista na obra de Edgar Morin, escreve na apresentação que "estamos diante de uma guerra de civilização e, simultaneamente, de uma guerra de religião. Apenas a consciência de nossa humanidade comum poderá quebrar esse círculo vicioso e instalar uma política civilizatória, virtuosa e planetária."