Quando um homem velho, solitário e rabugento resolve escrever algumas memórias, o resultado pode ser intrigante, excitante, cômico e trágico. A percepção da passagem do tempo, que talvez seja a mais humana de todas as experiências, torna-se especialmente perturbadora quando se é velho, quando se tem mais passado para lembrar que futuro para viver. É exatamente essa angústia que Armando Fonseca, o narrador personagem, destila nas páginas do seu livro “As memórias de um homem comum”. O livro é composto de dez contos, alguns tendo relações entre si. Várias são as questões tratadas nestes textos, como, por exemplo, experiências sexuais, desilusões amorosas e relações familiares. O tema fundamental da obra é o tempo. Tentei explorar as diversas formas de relação com o tempo, principalmente naquilo que se refere aos sentimentos de perda e decadência. Se pudesse resumir a proposta da obra em uma única frase, eu diria que se trata de um exercício literário de saudade.