"A poesia de Ricardo Silvestrin impele o vento do pensamento, é subversiva como a rede, "este objeto da preguiça". Não há poeta mais inteligente do que ele no território ignoto da invenção verbal contemporânea. O que quero sugerir com inteligente? Não cabe aqui a lembrança do hacker, muito menos evocar a imagem do erudito da hora e suas tiradas espirituosas. Como sua inteligência, a poesia de Ricardo Silvestrin pulsa em estado líquido. Ideograma e hemograma. Líquidos, o abraço da rede, o vento que sabe ser áspero ao embaralhar a ramagem dos signos. Em nossa tradição poética predominam sólidos e gasosos. Por isso, me derreto diante da beleza não regulamentada da poesia de Ricardo Silvestrin: um chega-pra-lá naquele antagonismo. Poesia que não traz conhecimento, não produz saber, nem resolve enigmas. Ela nunca permanece no lugar onde até há pouco a deixamos. Vazante socrática. Agora, em cada poema, podemos apalpar o íntimo das coisas na pele mesma do aparente. A linguagem de Ricardo Silvestrin, que se mantém intrinsecamente experimental desde o seu Viagem dos Olhos (1985), é um lance de puro pensamento-arte. Tudo o que os fast thinkers, baratas tontas, piolhos formados à sombra da opinião alheia, mais odeiam." (Ronald Augusto)