BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO. Quem já não ouviu esta frase? A partir de uma emocionante conversa com um motorista de táxi, chocado com o assassinato de um colega durante um assalto, o antropólogo e cientista político Luiz Eduardo Soares desfaz uma a uma as certezas do senso co­mum neste desconcertante livro. O que é exatamente violência, esta palavra tão repetida no dia a dia? Existe relação entre o crime cometi­do e o castigo recebido? A defesa dos direitos humanos seria um estímulo à impunidade? Com a argúcia de um filósofo e a experiência de quem co­nhece o universo criminal de perto, o autor vai até o âmago da questão. E mostra que o sentido de uma história depende sempre do ponto a par­tir do qual começamos a contá-la. Ao ampliar o foco da questão da violência, deixa claro que Justiça não se reduz a punição. Para Luiz Eduardo Soares, Jus­tiça é sinônimo de equidade. Por isso, uma das formas mais repul­sivas de desigualdade social es­taria exatamente no acesso a ela, da abordagem policial - que varia de acordo com o local, a roupa de quem é revistado, a cor da pele, a faixa etária, o sexo, o nível de renda e a classe social - até a sentença do juiz e o cumprimento da pena.