Exatos 218 anos depois do enforcamento de Tirandentes, no Rio de Janeiro, então capital do vice-reino, o livro de André Figueiredo Rodrigues guarda novidades e surpresas sobre um assunto aparentemente já muito estudado. O destino, bem como as origens, das fortunas dos inconfidentes mineiros, e mais precisamente, os caminhos e descaminhos de seus bens após a devassa ainda tem muito a revelar sobre a própria Inconfidência Mineira, sobre as nossas relações de então com Portugal, sobre o dia a dia na Colônia, enfim, sobre a própria história do Brasil. Fato tanto mais surpreendente por se tratar de um dos temas principais da historiografia nacional. O autor, sob a orientação inspirada de Laura de Mello e Souza, foi capaz de descobrir, em instituições que incluíram o Serviço de Documentação da Marinha do Brasil, documentos ainda inéditos referentes aos julgamentos, cujos dados simplesmente alteram muitas interpretações consagradas. Por exemplo, o quanto o tesouro de Portugal teria de fato amealhado com o confisco de seus bens, ou o quanto problemas de endividamento de alguns dos conjurados, todos ligados ao establishment colonial, podem ter sido decisivos para sua decisão de participar do movimento. Além disso, a abordagem do autor, seu trabalho de investigação histórica e o material encontrado permitem recriar muitos aspectos da vida no Brasil do século XVIII, a partir da análise detalhada dos casos de sete inconfidentes (entre os 24 julgados) da comarca de Rio das Mortes (atual região de São João Del-Rei, MG). Prefácio de Cecília Helena de Salles Oliveira.