Neste romance, a história de uma amizade é revisitada durante uma longa viagem rumo ao extremo sul das Américas. O protagonista dessa jornada é Teodoro, um professor prestes a completar 70 anos. Seu meio de transporte, um Ford Corcel 1968, guardado como relíquia desde a juventude. Enquanto dirige sozinho, dormindo no carro em postos de gasolina, tentando sobreviver ao frio da Patagônia, ele relembra a juventude e, em especial, a amizade com Leon. Jovens da classe média alta paulistana, eles tinham se conhecido no colégio e haviam partilhado o início da vida adulta, no cenário de otimismo do início da década de 1960. Um período pontuado por velejadas na represa, passeatas, noites no Municipal e garotas de meia-calça. O otimismo, contudo, seria interrompido pelo golpe de 1964. Com ele, Leon se envolve na resistência armada à ditadura, enquanto Teodoro, cético quanto ao sucesso da guerrilha urbana, recusa-se a aderir ao movimento. Os dois passam a trilhar caminhos separados. Teodoro se dedica à biologia, enquanto Leon se envolve em uma ação malsucedida, é preso, depois obrigado a fugir do país. O caminho dos dois só voltará a se cruzar cinquenta anos mais tarde, quando Teodoro refaz o percurso da fuga do amigo. Essa viagem se revelará uma busca emotiva e quase mística, motivada por um único elemento: a última carta de Leon enviada de Ushuaia, a cidade mais austral do planeta, apelidada de Fim do Mundo pelos seus habitantes.