À margem dos sermões melancólicos, da empáfia histriônica dos discursos e da persistente simulação de civilidade - tanto dos governos, como das religiões e das famílias - fervilham massacres infantis por todos os lados. A escravidão, o abuso sexual e o assassinato de crianças nunca estiveram tão evidentes, e a história, essa cloaca de mentiras, construída sobre infâmias e infanticídios, teima em permanecer falsa e petrificada no cérebro da humanidade... Atenção: dependendo de tua trajetória, este livro pode provocar-te uma taquicardia e até tirar-te o fôlego. Se estás em busca de uma leitura afável, morna, escrita por um DAS-5, por alguém da troupe arquiconhecida ou por outro dos badalados bufões da atualidade, se estás em busca de uma leitura que te faça conciliar o sono depois das novelas, desista. Aqui não há nenhuma influência e nenhuma cumplicidade com os bandidos da política, com os espertalhões pós-graduados, nem com o mercado editorial e muito menos com as elites esclerosadas. Foi escrito para quem tem no mínimo, a grandeza de colocar-se à altura da nojeira e da miserabilidade humana... E que não sirva outra vez apenas para "refletir" ou para "meditar", pois já é tempo de dizer como Rousseau que o homem que só reflete e que só medita é um sujeito depravado.