Conhecimento, sexualidade, acaso, incerteza, nascimentos e abortos, anjos e demónios, envelhecimento, doença e morte; as ciências e as técnicas remetem, incessantemente, para estes problemas inerentes à condição humana. Sonhamos tudo dominar, incluindo a incerteza. Mas o aleatório conserva tanto mais o seu valor quanto o domínio total se revela ilusório. O mito sempre se apoderou desse tipo de problemas: não só Prometeu, Édipo, mas também a serpente dos mitos bíblicos, a árvore de vida e a árvore de conhecimento, que lembra que este é sempre ambivalente, o dilúvio e Babel. Neste livro, que constitui o primeiro tomo de um díptico, Henri Atlan aborda alguns dos problemas respeitantes às técnicas e às ciências ligadas à fabricação do ser vivo. Mas para nos esclarecer, o autor recorre a atalhos inesperados, os da filosofia e os das mais velhas mitologias da humanidade (Espinosa, a Cabala, o Talmude). Ponto de partida: segundo uma lenda hebraica, Adão fica separado de Eva durante cento e trinta anos. Durante todo esse tempo, espalha gotas de esperma. São "as centelhas de acaso"... HENRI ATLAN, biólogo e filósofo, membro do Comité Consultivo Nacional de Ética para as Ciências da Vida e da Saúde, é professor de Ciências Sociais na EHESS, assim como nas faculdades de Medicina da Universidade de Paris e de Jerusalém. Entre os seus livros o Instituto Piaget já publicou Questões Sobre a Vida; Tudo Não Talvez e Com Razão ou Sem Ela.