José de Souza Martins, sociólogo e fotógrafo, vasculha o silêncio do que sobrou de uma era de esplendor industrial, nas imagens das insignificâncias do residual. Nas imagens deste livro, mostra o muito que ainda quer dizer a alma das ruínas, falando da temporalidade do que é propriamente social, o tempo que se esvanece aos poucos. As crônicas que acompanham as fotografias nasceram no instante em que o sociólogo fotografava: a Vila de Paranapiacaba, a desativação da Fábrica de Linhas Pavão, ou a Cerâmica São Caetano, desativada e demolida depois de quase 90 anos de funcionamento. O projeto fotográfico que se materializa neste livro expressa a busca do fotógrafo na estética das sombras, do vazio e do que é finito, mas também a intenção de interrogar aberta e sociologicamente o silêncio, sublinhar a natureza indicial e polissêmica da imagem e do que ela documenta, o momento da sociedade que sobreviveu apenas como traço, sobra e sombra, rabisco da existência humana e social.