Em 1976, Jorge estava na rua conhecendo as crianças e adolescentes que transitavam por ali com seus devaneios, raivas, medos e abandonos. Estávamos em plena ditadura militar e a formação dos alunos da Psicologia da PUC-SP, onde Jorge era estudante, se dava no enredamento e confronto com as exigências da realidade. A psicanálise foi desde o início, sua referência para escutar e compreender. Depois, na mesma década, estava no Centro de Defesa de Direitos Humanos em Osasco. Ali, as violações referiam-se basicamente à violência policial. O atendimento terapêutico e a militância política criavam desafios e impunham a criação de uma clínica social, uma outra perspectiva da psicanálise a ser construída enquanto Jorge construía também sua identidade profissional, nas praças, no atendimento psicoterapêutico de presos, seus familiares, crianças e adolescentes. Depois, a supervisão de grupos profissionais e instituições que lidavam com crianças e adolescentes, com o sofrimento do abandono, com os prejuízos que a prática do ato infracional revelam. Criou, com uma equipe interdisciplinar, o Centro Latino Americano de Estudos em Saúde Mental, em 1989; foi membro do Conselho Federal de Psicologia, onde pôde contribuir com sua experiência de trânsito pela América Latina, a partir dos encontros de psicanálise e marxismo em Cuba. Sempre teve a clinica-consultório onde pode ir afinando o uso criterioso dos ensinamentos da psicanálise. E, neste momento, é professor-pesquisador do curso de Mestrado Profissional Adolescente em Conflito com a Lei da UNIBAN, um novo desafio. Neste percurso, este livro (sua tese de doutorado) aborda a radicalidade das práticas de convivência da nossa juventude e os dilemas - ético, político, existencial - que os profissionais, trabalhadores da área, enfrentam em áreas sociais críticas, quando comprometidos com o exercício dos direitos à juventude.