Este livro é resultado de um detalhado estudo dos conflitos sociais urbanos acontecidos na cidade de São Paulo na passagem do século XIX para o século XX. Nele, são analisados os conflitos urbanos, as tensões entre a polícia e a população civil e os embates entre os diferentes corpos de polícia. Por intermédio de uma detalhada pesquisa em diferentes arquivos no Brasil e no exterior, o autor defende a tese de que durante o rápido desenvolvimento da cidade de São Paulo, contrariamente à ideia de um período ordeiro e tranquilo, consolidada na literatura histórica, de fato, houve um processo conflituoso e repleto de desordens. A rápida urbanização da cidade gerava conflitos diversos, provocados pelas dificuldades dos novos habitantes, de forma predominante provenientes de áreas rurais, se adaptarem aos códigos de conduta urbanos. A intensa onda migratória para a cidade colocou lado a lado agrupamentos de tradições, culturas e línguas distintas. Tudo isso produzia um caldeirão fervilhante e propício à emergência de conflitos. Os policiais que deveriam garantir a ordem e dar proteção à população, muitas vezes, se organizavam como quadrilhas, com o objetivo de atacar e roubar a população. A população nem sempre era vitima pacífica desse processo. Os imigrantes, principais alvos dessa violência, reagiam. Em meio a tudo isso a cidade crescia rapidamente, em alguns períodos a taxas de até 14 % ao ano, o que a levava a dobrar a cada cinco anos. Desse modo, São Paulo era a cidade que trilhava rumo ao progresso, mas não como expresso na bandeira do Brasil. Não era Ordem e Progresso. A nova metrópole emergia do crescimento desordenado e caótico da antiga pequena cidade. A cidade era a expressão da desordem, causada pelo conflito entre o velho e o novo. Assim, São Paulo se agigantava em desordem rumo ao chamado progresso.