Sempre acreditei que a desgraça, como as feras noturnas, só ataca de emboscada. Essa frase dá a arrancada desta história policial passada no bairro de Vila Madalena, em São Paulo.
Na pior hora da madrugada, o narrador acaba de receber um telefonema de Elisa, com quem teve um caso mal resolvido e mal cicatrizado. Bonitinha, mas ordinária, como toda mulher fatal que se preze, ela apresenta um pedido irrecusável: acompanhá-la na formalidade de reconhecimento do cadáver do marido.
Quando se abre o gavetão refrigerado no Instituto Médico Legal surge a primeira surpresa desta trama na qual um grupo de amigos afastados pela vida se reencontra em meio aos ingredientes do gênero, como dinheiro de origem suspeita, desaparecimentos, delegados indecifráveis, e alguns crimes ao vivo e em cores. Tudo isso, alimentado por amizades sinceras e, é claro, uma dose insensata de paixão.
Tratando-se de Vila Madalena, a mistura de personagens inclui desde mendigos e guardas de rua até frequentadores de padarias, bares de boemia e vernissages onde mecenas são assediados por picaretas e artistas fracassados. Quando entre eles surge um talento de verdade, as coisas começam realmente a se complicar.