Com A IGREJA DOS APÓSTOLOS E DOS MÁRTIRES, a Editora Quadrante dá início à publicação da HISTÓRIA DA IGREJA DE CRISTO, de Daniel-Rops, em dez volumes. Este primeiro tomo tem o fascínio de debruçar-se sobre os primórdios do cristianismo, quando quase se sente ainda o alento da presença física do Mestre. Observamos a constituição da Igreja, os seus ímpetos iniciais e os dilemas que teve de resolver desde a primeira hora, o seu assombroso crescimento e desenvolvimento sob a ação do Espírito vivificador. Uma terceira raça, que se desprenderia do judaísmo e se oporia ao paganismo, insere-se agora nos rumos da História, não sem embates dolorosos que se estendem, sangrentos, até o advento de Constantino. Ao longo dos primeiros quatro séculos, o período abrangido por este volume, vamos acompanhando a ação dos Apóstolos, principalmente dessas colunas da Igreja que foram São Pedro e São Paulo; a gesta de sangue dos mártires; o perfil dos grandes santos e dos primeiros forjadores das letras e das artes cristãs; o desenrolar do culto, da liturgia da Missa e da piedade; a formação dos quadros sempre dentro do marco de uma sociedade que vemos desagregar-se numa lenta agonia, numa exaustão que talvez se esteja repetindo nos tempos atuais, mas que, também como hoje, se abre em última análise à esperança da revolução da Cruz. É todo um processo de revezamento, a que não faltam as sombras dos conflitos internos e o claro-escuro dos erros que se prenunciam. Num retrato vivo da natureza humana, afloram os lapsi e todo o painel desconcertante das heresias e dos sectarismos, que no entanto conduziram à formulação da teologia cristã e aos grandes Concílios da primeira era, e de que a Igreja saiu robustecida na sua autoridade e unidade. Desta encruzilhada decisiva para os destinos da humanidade, Daniel-Rops oferece-nos, com inusitada perfeição de estilo, uma análise que prende pela sua exatidão e leveza, mas sobretudo pelas linhas de reconstituição, que permitem apreciar objetivamente o poder prodigioso da fé na renovação das instituições por dentro, quando individual e coletivamente se têm os olhos postos no Senhor que ultrapassa a História e se vive com a esperança fincada nas promessas da vida eterna.