A obra de estreia de Vitor Necchi reúne 60 crônicas de procedências distintas. De algumas, há uma primeira versão publicada em veículos impressos e digitais. Outras foram escritas para redes sociais e safra mais antiga para um blog, o Cacto, que o autor manteve nos primeiros anos deste século. Os textos conectam-se a três temporalidades: o presente, ao tratar de assuntos contemporâneos, entre eles os escombros de um mundo fraturado e violento; o pretérito, ao recuperar reminiscências, personagens, fatos e o universo afetivo e cultural do autor; e um terceiro tempo que pode ser definido como um momento de transição, em que a produção de Necchi atenua a prevalência do jornalismo para se direcionar também à narrativa ficcional. É possível pensar em uma outra perspectiva que atravessa os textos, mas desconectada do tempo: trata-se do olhar minucioso e atento, por exemplo, às dinâmicas que tiram uma palavra do imaginário social ou à promessa de vida garantida pela flor de um cacto. (...)