Deve ter sido após a colheita do arroz em 1949 quando saímos da roça para viver na cidade, o vilarejo de Poloni, que na época devia ter entre 800 e 1000 habitantes. A mudança foi feita sem ser esperada ou planejada. Só sei que um dia meu pai chegou com um caminhão dizendo que íamos mudar para Poloni. Meu pai, minha mãe e Rute foram na cabine com o chofer e na carroceria, junto com os móveis, os três pequenos jacus e a ajudante que tínhamos em casa. Não me lembro se houve tempo para tomar banho, trocar de roupa, achar os sapatos ou algo especial, pois em casa a ordem nunca foi prioridade. Acho que a criança quando está sob a tutela dos pais é despreocupada e aceita os fatos como acontecem. Mais tarde na vida pude dar valor àquele caminhão que me fez dar o primeiro passo em direção ao desconhecido. A Lili, cachorrinha da casa, chegou algumas horas mais tarde, pois não deve ter aceitado o fato de ter sido deixada para trás pelo seus donos.