A violência urbana, fenômeno marcante da nossa realidade nacional, vem ganhando destaque na literatura brasileira desde os anos 1970, sendo um tema ou ingrediente estético cada vez mais presente nas publicações literárias contemporâneas. Em Narrativas contemporâneas da violência, Adélcio de Souza Cruz explora a representação da alteridade em três obras icônicas dentro do corpus da nossa literatura recente: Passaporte(2001), de Fernando Bonassi; Cidade de Deus (1997), de Paulo Lins e Manual prático do ódio (2003), de Ferréz. Aliando uma intensa pesquisa a um olhar crítico apurado, Adélcio tece as diferenças entre as obras, o estilo e a proposta literária de cada autor. A obra se destaca por abordar o enorme abismo racial e social do nosso país, que, embora se reflita na arte e na literatura, é frequentemente silenciado na crítica. Mais do que ser uma referência sobre os textos literários que analisa, Narrativas contemporâneas da violência se configura como um registro para ler o gênero, mostrando, como comenta Idelber Avelar no prefácio, que "a literatura não é sua mera crônica, mas um campo de batalhas simbólicas no interior do qual a neutralidade não é uma opção."