O que é proposto neste projeto não é, propriamente, um ensino de filosofia, mas uma educação para o filosofar. Não se forma um nadador ou um ginasta com instruções sobre as técnicas ou os feitos de grandes nadadores ou ginastas. Do mesmo modo, educar para perguntar, argumentar, conceituar, como forma de refletir sobre questões e significados de fundo, não pode ser resultado de um ensino a partir do registro e das opiniões de filósofos ou pensadores. Heidegger, em seu famoso O que é isto, a Filosofia?, já nos alertava: Uma coisa é registrar e descrever opiniões de filósofos; outra coisa completamente distinta é discutir o que eles dizem, isto é, aquilo de que eles falam. Disso se segue que a história da filosofia e a da tradição dos grandes pensadores tem seu lugar, que é o de referência e de alimento para o pensamento e a reflexão, desde que esta já se encontre instrumentalizada e ambientada na vida presente. O filosofar que pretendemos está vinculado à história presente, ao cotidiano, à vida pulsante, aos interesses e motivações dos desafios atuais, em especial, àqueles vividos pelas crianças. Ainda é Heidegger que nos aponta o caminho a seguir: filosofar é repensar o já pensado para pensar o ainda não pensado. Assim, o filosofar está no presente, serve-se do passado e olha para o futuro.