Este trabalho analisa as obras de Adelaide Carraro (1925-1992) e Cassandra Rios (1932-2002), comumente referidas como "as maiores pornógrafas da literatura brasileira", epíteto que evoca uma glória ambígua: a de serem campeãs de vendagem, sobretudo nas décadas de 1960 e 1970, e também recordistas em títulos censurados durante a última ditadura. Procura mostrar como suas bibliografias, identificadas entre si na "paixão pelo visível" da tradição naturalista e na forte presença de conteúdo sexual, configuram, não obstante, projetos distintos e em boa medida opostos. Projetos estes que mantém considerável coerência interna, ao longo de anos de produção contínua, combinando transgressão e conservadorismo de modo desafiador à interpretação.