Com complacência, a opinião ocidental como que se refugiou nas últimas décadas num «nicho» em franco desaparecimento: o do risco zero. Aliás talvez esta doutrina tenha marcado esse momento estranho da queda do muro de Berlim, que nos deixou perante um vazio. Contudo, uma série de acontecimentos graves (Chernobil, Ruanda, vacas loucas, 11 de Setembro, Toulouse...) e de futuros incertos fizeram soar o retorno da História. Este fenómeno recorrente encontra-se permanentemente nos grandes debates de ideias desde há séculos. Longe de nos paralisar, a perturbação sentida deve ser fecunda em iniciativas e em transformações positivas. É este o objecto da contribuição que se pretende dar ao publicar esta obra. Este livro é um grito. Nasceu da vontade de esclarecer com coragem os nossos contemporâneos sobre turbulências de grande escala que ultrapassam frequentemente o nosso entendimento. Este texto conjuga dois encaminhamentos, um sobre as crises internacionais com Xavier Guilhou e outro sobre as crises tecnológicas com Patrick Lagadec. A sua mensagem é clara: é preciso fazer emergir novas lógicas de vida e de desenvolvimento durável. Entre arrogância e indolência, saberemos nós pôr em questão a intangibilidade das nossas fronteiras mentais e geográficas?As análises e propostas avançadas em O fim Do Risco Zero são enriquecidas por questões colocadas a Laurence Tubiana (Desenvolvimento durável), Michel Séguier (Sul/Norte), Françoise Rudetzki (Terrorismo), William Dab (Saúde pública), Philippe Baralon (Alimentação), Dominique Dormont (Peritos) e Bertrand Robert (Crises).