Em seu livro de estreia, Mariana Diniz transforma a vida em poesia. Dividido em três parte mulheres, idosos, crianças, a poeta brinca com a mulher que é: a certeza/dos últimos óvulos/pesa na fronte/comprime o ventre/turva o horizonte; a idosa que será: como a velhice crescendo em meus escombros; a criança que foi: no sonho, caminhei de mãos dadas com uma garotinha que desperdiçou a infância. Presente, futuro, passado misturados no cotidiano. Urgente é a gente nos convida a enxergar beleza nas contradições do ser mulher: o cuidado, o desejo, a maternidade, a culpa, o envelhecimento, o amor, na moldura do casamento, para onde resvalam as mulheres?, e nos faz refletir sobre o peso dos papéis sociais do gênero feminino. Minha primeira lembrança da Mari é a de que ela não queria ser escritora. Eterna leitora, era o que dizia ser. Mas a palavra é traiçoeira: quem vai se cercando dela numa leitura aqui, num livro acolá, quando vê, está tão misturada delas que enquanto você escreve(...)