O conceito de cinema como linguagem heterogênea, ideia desenvolvida por Marie-Claire Ropars-Wuilleumier, é o eixo central desta livro. Em artigos claros e bem articulados, os autores se debruçam sobre a riqueza semiótica da linguagem cinematográfica na sua interface com a filosofia e a literatura. Organizado por Gabriel José Corrêa Mograbi e Célia Maria Domingues da Rocha Reis, o volume reúne artigos que analisam a relação criadora de sentido no cinema e na literatura, considerada tanto em suas semelhanças como diferenças.Algumas das questões discutidas são: em que pontos estas diferentes formas de narrativa se aproximam e se afastam? Que especificidades marcam os seus objetos e os processos de desconstrução dos seus personagens? Como se dão as relações de metalinguagem em cada uma destas formas de arte? Dividido em três eixos temáticos, o livro começa por abordar questões históricas e teóricas, para em seguida analisar mais detalhadamente a questão da adaptação de obras literárias para o cinema. Num terceiro momento, os textos se detêm sobre as diferentes relações semióticas de produção de conceitos, imagens e discursos.Página a página, o leitor é levado a refletir sobre temas como a adaptação do livro A hora da estrela, de Clarice Lispector e da obra como um todo de Nelson Rodrigues para o cinema; a relação entre a literatura e o cinema policial; Balzac, Truffaut e a via do amor romântico; o carácter imagético da literatura de Pynchon; o conceito de melancolia na literatura moderna e no Solaris de Tarkovsky; a fragmentação narrativa de Eraserhead e suas ilações estruturais com obras de Gogol e Kafka. Propondo novos olhares e abrindo espaço para novas perspectivas, Cinema, literatura e filosofia: interfaces semióticas contribui para fomentar o debate interdisciplinar sobre a interface dessas linguagens.