Imaginemos a seguinte situação (que aconteceu): uma pessoa sente o impacto e a densidade das deambulações poéticas de Baudelaire entre a solidão e o estar entre multidões. Ela sente uma ressonância disso em seus próprios percursos mesmo que morando num lugar tão pobre de experiências de multidões como o Distrito Federal. Ela percebe que alguma coisa se perdeu, entre ela e Baudelaire. Que seu mundo é outro, não é mesmo que o dele. Ainda assim, aqueles poemas e ensaios, vindos de outros tempos a fazem pensar. Não apenas Baudelaire é estranho para ela, mas seu cotidiano mais familiar se torna estranho quando observado com a companhia de Baudelaire. E assim começa esse desejo historiador de atravessar tempos diversos,construir elos frágeis entre o que passou e o que aí está, à sombra do anacronismo.