Neste livro, em toscos pedaços de madeira, o artista popular nordestino construiu uma expressão plástica da cultura rural brasileira. De pouca leitura, o artista usou a técnica milenar da xilogravura para retratar o seu mágico universo, onde anjos se misturam com demônios, beatos com cangaceiros, princesas com boiadeiros, todos envolvidos nas crenças, esperanças, lutas e desenganos da região mais pobre do país. A aridez inclemente de todas as estações torna a paisagem sertaneja campo fértil para o fantástico. Dentro da paisagem real, marcada por contrastes sociais, em que a maior sede é de justiça, os seres sofridos, desprezados e perseguidos encontram nos traços do gravador popular o campo para se transfigurarem em heróis e hóspedes de honra de um mundo melhor.