No entrecruzamento entre a História Cultural, Social e das Instituições, o livro nos convida a refletir sobre o papel dos valores e das normas sociais na mobilização dos indivíduos, que buscam na violência ou no recurso à Justiça, reparação. Por meio de um trabalho que se vale de grande e variado número de fontes encontradas, sobre quase cem anos de história, em uma região periférica, Deivy consegue propor ao leitor uma reflexão profunda acerca de como homens e mulheres reagiam, ao serem vítimas de insultos e injúrias dos mais diferentes tipos. O exame das relações entre vítimas e agressores, entre povo e instituições judiciais, que vão da violência à negociação, do desejo de reparação e da defesa da reputação, nos propicia um mergulho em uma sociedade que se mobiliza em torno de valores compartilhados de forma racional e extremamente pragmática, embora, aparentemente, passionais. Sem dúvida, a contribuição da obra para a historiografia é ímpar. O trabalho primoroso de consulta às fontes conectado ao diálogo com uma bibliografia nacional e internacional reconhecidamente inovadora para o campo, nos garante, por meio de uma leitura ao mesmo tempo densa e leve, um mergulho profundo aos valores, normas e aspirações das pessoas comuns. (Cláudia Viscardi)