Quando a Professora Fernanda Kallás defendeu sua tese de doutorado na Pontifícia de Minas Gerais impressionou-me, particularmente, o emprego por ela de uma linguagem ___ escrita e oral ___ condizente com a tradição da ciência do Direito. Estávamos, os membros da banca examinadora, em face de um texto inteiramente redigido em boa língua portuguesa, e não no dialeto que hoje tantas vezes exprime a abordagem da temática dos direitos humanos e de suas congêneres. O espírito mesmo da tese retratava esse rigor: as imunidades, há tanto tempo disciplinadas pelo direito internacional ___ não fosse esse o tema do primeiro tratado multilateral que a história registra, em 1815 ___, podem ser hoje revistas no seu alcance, na sua extensão à luz das circunstâncias, mas sem que isso signifique, à conta de um pretenso discurso humanista, o abandono, a destruição de princípios fundamentais do direito das gentes, e do próprio direito penal, eles mesmos inscritos no vasto domínio dos direitos humanos. Agora revista para configurar um livro, a tese é mais que oportuna no que contribui para lembrar-nos, em certa medida, a crise de identidade da sociedade internacional neste começo do século XXI. () A doutrina brasileira do direito internacional, onde Fernanda Kallás já obtém lugar de destaque, propende a fecundar o terreno global com sua qualidade, seu rigor científico e sua ética.() A excelência do livro de nenhum modo surpreende quem conhece a história e a fascinante personalidade da autora. Sua obra não poderia ser mais oportuna que neste tempo em que o Brasil completa e aperfeiçoa sua abertura para o mundo, e em que o estudo do direito internacional ganha, entre nós, uma dimensão sem precedentes.