O poeta Mário Quitana nos ensinou que "o poema é um objeto súbito", porque "os outros objetos já existiam". Esta explicação pertubadora traduz a concepção da escrita poética como alavanca libertadora: através dela é possível reinaugurar o real, ultrapassá-lo, fraturar sua aparente sintonia com o homem para, até mesmo, supreender uma outra vertente de humanidade. Nessa medida, escrever é sempre um ato político; expressar-se num desejo maior. A palavra poética tem vigência não apenas para ser salvo-conduto para nossa liberdade, mas para que, através dela, possamos aprender a nos transformar.